Recentemente li uma obra (On Writing) do renomado Stephen King, autor de best sellers como Carrie, O Iluminado, Cujo, para citar alguns dos mais famosos e cinematografados. O gênero fantástico de literatura abraça o terror, o sobrenatural, e até mesmo a ficção científica e os contos de fada – digamos, universos paralelos. Na minha tese de doutorado (UFMG/Universidade de Berkeley), comprovei, teoricamente, que a literatura fantástica se baseia na estrutura linguística da metáfora (começarei a falar sobre isso em breve aqui). Mas, voltando a King, em On Writing (Sobre a Escrita, tradução livre), sua única obra não ficcional, me surpreendi com a declaração do autor: esse foi o livro mais difícil de escrever, justamente porque fugia ao seu estilo usual e fantasticamente criativo, “que torna sua vida um lugar mais luminoso e agradável”. De forma bem-humorada, salpicada de exemplos do que, em sua opinião, se deve e não se deve utilizar na composição de uma obra, ele discorre sobre como ele se tornou um escritor partindo de quase nada, com poucas moedas no bolso, mas com um imenso potencial imaginativo que nos encanta por gerações, pois “escrever é magia, uma água vital como qualquer outra obra criativa. A água é gratuita. Então beba. Beba até a saturação.” Ainda mais surpreendentemente, ele revela, no final de seu livro sobre a escrita , que ele o produziu logo após um mês de recuperação de um terrível acidente, atropelado que foi à beira de uma estrada vizinha de sua casa no Maine, ainda bastante alquebrado. Esse Postscript ele chamou de On Living, sobre o viver. Viver e escrever se fundem numa coisa só: experiência.