Continuando com os casos (como diríamos em mineirês, “causos”) diferentes com que me deparo no meu ofício de tradutora pública juramentada, tenho mais um para contar, ocorrido recentemente, ainda neste ano de 2018. Uma jovem senhora, diria, também já na sua faixa dos 50 anos de idade, me procurou bastante ansiosa, precisando dar continuidade ao seu processo de imigração para o Reino Unido. Havia me procurado há coisa de dois anos para que eu fizesse a versão inglesa juramentada de alguns documentos pessoais como sua certidão de nascimento. Desta vez, ao mesmo tempo muito ansiosa e muito feliz, veio me segredar que conseguiu o que (ainda) mais desejava nessa vida: casar-se com um estrangeiro. A maior ansiedade era devido às exigências burocráticas para tal imigração, que, segundo o seu relato, são muitas e bastante complicadas de se entender pelo site do órgão afim. Então eu a convidei para uma pequena reunião em meu escritório para que eu entendesse quais seriam tais dificuldades dizendo a ela que nada pode ser tão complicado assim, embora as autoridades estrangeiras sabidamente não facilitem muito a vida dos interessados, não são muito reader-friendly.
Após uma conversa mais detalhada entendemos que, a certa altura do processo, parecia não haver explicações plausíveis que pudessem viabilizar o prosseguimento. Mas como não há nada como uma boa conversa, chegamos à conclusão de que o entrave não era, na verdade, um empecilho, era até bastante lógico: o código numérico gerado só poderia ser utilizado quando ela obtivesse aprovação de uma determinada informação. Era como se ela estivesse participando de uma gincana! Ela então, aliviada, contando com essa solução, deu prosseguimento ao processo e descobriu, a certa altura, a aplicação de tal código misterioso.
Mais uma vez o meu ofício de tradutora pública me possibilitou ajudar um ser humano à busca da realização de seu sonho dourado, sendo uma espécie de consultora e conselheira frente ao viés burocrático da tradução oficial, cujo verso é, na maioria das vezes, emocional. Aliás, corrijo:sempre tem um verso emocional, e é esse o nosso assunto para o próximo blog.