A crise brasileira e sua consequente diáspora de brasileiros que procuram novas oportunidades tem um viés positivo: estudar no exterior traz um diferencial em qualificação e status. Estudantes estão concluindo o ensino médio em escolas bilíngues, e acabam dominando um ou mais idiomas estrangeiros desde já sensibilizados sobre oportunidades no exterior: do ensino médio já partem para a graduação no exterior. Naturalmente, a situação do ensino superior no Brasil, com as universidades públicas em dificuldades e o Enem mais concorrido, pesa na decisão. Com isso, desde 2014 as universidades portuguesas usam o Enem para a seleção de estudantes brasileiros: já há 24 instituições conveniadas.

As escolas brasileiras, principalmente as bilíngues, já orientam seus alunos sobre como ingressar em cursos internacionais. Há ainda cursos preparatórios no Brasil que viabilizam os estudos no exterior devido a convênios com universidades estrangeiras.

O número de brasileiros estudando nos Estados Unidos foi de 13.286 em 2014, 23.675 em 2015 e 19.370 em 2016, segundo o Education USA.

No ano passado, dos 246,4 mil estudantes que deixaram o país para fazer cursos no exterior, 25,5% deles, ou 62.832, ingressaram em uma instituição de ensino superior — uma alta de 50% em relação a 2015, quando 41.800 foram buscar diplomação no exterior. Há dois anos, eles representavam uma fatia de 19% dos 220 mil que foram estudar em outros países, segundo a Brazilian Educational & Travel Association (Belta), que reúne as agências de programas educacionais no exterior.

Em 2014, 6.068 vistos de residência foram concedidos a brasileiros no exterior, sendo que os profissionais da área tecnológica são os mais facilmente absorvidos pela demanda lá fora. No entanto, o visto de trabalho é difícil, e países como Reino Unido e EUA vêm tornando suas políticas de imigração mais rígidas.

Mas é preciso antecedência e planejamento para estudar lá fora. Além do custo e das exigências acadêmicas, é preciso certificação no idioma estrangeiro. Muitas universidades exigem experiências prévias em outras áreas, como trabalho comunitário, social e de liderança. As oportunidades de bolsa existem, mas estão condicionadas ao alto desempenho acadêmico ou a habilidades específicas.

E, para viabilizar a aceitação de toda a documentação como históricos escolares, diplomas, certidões de nascimento e casamento, atestados de antecedentes, certificados de especialização, e outros documentos oficiais que certamente farão parte do processo de busca dos sonhos de tantos, as traduções juramentadas são imprescindíveis.