Carl Gustav Jung cunhou de numinoso (etimologicamente “do espírito”) aquele sentimento humano de conexão com algo maior, um pressentimento de que alguma parte de nós está conectada à espiritualidade. Hoje, já falamos de “partícula de Deus”, e temos informações científicas acerca da glândula pineal e sua função reguladora, neuroprotetora, moduladora dos sistemas imunológico e oncostático. Provavelmente Descartes não se enganou ao atribuir à glândula ser a própria “sede da alma”, estabelecendo conexão entre o corpo e a mente, produzindo uma “droga dos deuses”, a dimetiltriptamina (DMT). Mas, além da conexão química e sua tradução para o corpo e a mente, suspeita-se de que a glândula pineal é fio conector/condutor de prata que nos liga ao mundo extracorpóreo numa experiência de quase morte, ou numa viagem astral. Seria esse fio responsável por nossa volta ao corpo material. Ainda que dificilmente comprovadas, essas funções, por serem tão etéreas, nos remetem a Jung, que elaborou uma extensa pesquisa e uma teoria de que somos seres espirituais desde os primórdios da humanidade. Então, como podem certos seres humanos, que se acreditam donos da verdade, impor a seus iguais a negação de seu exercício do numinoso?